O que é Forame Oval Patente
Forame Oval Patente
O forame oval patente é a persistência de uma comunicação entre o lado esquerdo e direito do coração. Durante a nossa vida antes do nascimento (dentro do útero) o sangue passa diretamente do lado direito para o lado esquerdo do coração sem atravessar os pulmões, já que nesta fase da vida não respiramos ar ambiente. Após o nascimento essa comunicação na maioria das vezes se fecha espontaneamente em algumas horas.
Porém, em até 34% das pessoas, ela pode permanecer aberta na vida adulta podendo assim permitir a passagem de sangue do lado direito para o lado esquerdo do coração diretamente sem passar pelos pulmões.
Na grande maioria das vezes essa persistência não causa problemas clínicos porém pequenos coágulos podem atravessar diretamente para o lado esquerdo do coração e causar fenômenos embólicos com significativa repercussão. O acidente vascular cerebral (AVC) é um deles, sendo que a maioria das pessoas que sofrem um AVC devem ter a presença do forame oval patente investigada.
Sinais e Sintomas
Normalmente o forame oval patente não causa sintomas a não ser que ocorra um episódio de embolização. Nesta situação o sintoma vai depender do território que sofreu embolização e pode incluir:
- Paralisia de parte do corpo
- Alterações de comportamento e/ou memória
- Alterações de visão
- Dificuldade de fala
- Esfriamento de parte do corpo (perna/braço/pé)
- Dor abdominal
Vale lembrar que nem todos os sintomas estão presentes em todos os indivíduos e que quanto maiores os sintomas, maior a probabilidade de gravidade da doença.
Pessoas portadoras de forame oval patente podem permanecer por longos períodos assintomáticos o que não significa que estas não correm risco. Mesmo indivíduos assintomáticos podem apresentar risco de embolização.
Tratamento do Forame Oval Patente
Tratamento Medicamentoso
Infelizmente não existe tratamento com remédios para o forame oval patente. Alguns medicamentos podem diminuir um pouco os sintomas. A única solução definitiva é o fechamento do defeito.
Atualmente, existem diversas maneiras de oclusão do defeito que só podem ser determinadas por uma equipe capacitada em múltiplas técnicas.
Tratamento Cirúrgico Convencional
O tratamento convencional é um procedimento bem estabelecido e com resultados excelentes se bem indicado e executado. Ele é capaz de salvar a vida do paciente. A indicação da cirurgia depende de uma cuidadosa avaliação da condição clínica, dos problemas de saúde associados, da idade do paciente.
A cirurgia requer a abertura da cavidade torácica e a parada do coração com auxílio da máquina coração-pulmão (circulação extracorpórea).Na cirurgia é realizado o fechamento do defeito que pode necessitar de implante de material protético. Apesar dos bons resultados do procedimento existem alguns riscos que variam de paciente a paciente.
Habitualmente a cirurgia necessita de:
- Anestesia geral
- Abertura do tórax
- Duração de 1-2 horas
- Internação ao redor de 5 dias
- Recuperação ao redor de 20-30 dias
Tratamento Cirúrgico Minimamente Invasivo / Robótico
Tradicionalmente é necessária uma incisão mediana longa, porém já é possível realizar o procedimento através de incisões menores, com auxílio de um sistema robótico conhecido como DaVinci. Através destas técnicas é possível promover uma recuperação mais rápida, menos dolorosa e tão segura quanto a cirurgia convencional. Saiba mais sobre o tratamento robótico neste link
Tratamento por cateter
Em alguns indivíduos, na dependência das condições clínicas, do tamanho e da localização do defeito cardíaco é possível realizar o fechamento por técnicas de cateterismo cardíaco que são significativamente menos agressivas e de recuperação mais rápida.
Neste procedimento um oclusor especialmente desenvolvido para este fim é colocado no coração por técnicas de cateterismo cardíaco através de um pequena punção na região da virilha. Com auxílio de aparelhos de radiografia e ecocardiografia a prótese e posicionada dentro do coração e fecha o defeito.
Estudos demonstram que a técnica é capaz de reduzir o tempo de internação, abreviar a recuperação, reduzir a possibilidade de transfusão sanguínea e o risco operatório.
Como a prótese chega ao coração ?
Habitualmente a prótese é colocada dentro do coração através de uma punção na veia femoral (virilha) (menor que 1 cm) sob anestesia local e sedação.
Entendendo o procedimento por cateterismo
Passos do procedimento
Antes do Procedimento
Antes do procedimento é necessária uma avalição cuidadosa de seu caso por uma equipe especializada neste tipo de implante. É realizada uma avaliação multiprofissional por cardiologistas, cirurgiões, anestesistas e outros especialistas.
Estas consultas incluem detalhada análise de todos os seus exames e do exame clínico no intuito de realizar um planejamento adequado não apenas do procedimento mas de todos os cuidados necessário no pós-operatório de modo a proporcionar uma recuperação adequada e redução dos riscos.
O ecocardiograma transesofágico é um exame de fundamental importância, pois ela irá determinar o tamanho de seu coração e do defeito, proporcionando a escolha do melhor tamanho de prótese adequada a anatomia do paciente.
Durante o Procedimento
O procedimento é realizado em uma sala de cirurgia especializada conhecida por sala cirúrgica híbrida que reúne modernos equipamentos de monitorização e diagnóstico por imagem. Um time de especialistas (Heart Team), especialmente treinado nestes procedimentos, executa o implante.
Durante o mesmo um pequeno cateter é introduzido pela veia femoral (virilha) através de uma incisão de aproximadamente 1 cm, sendo em seguida guiado até o coração por equipamentos modernos de imagem.
Uma prótese especial é comprimida dentro de um pequeno tubo denominado cateter e posicionado no coração. Em seguida o médico especialista libera a prótese em sua posição correta.
O procedimento é realizado com anestesia local ou geral na dependência das condições do paciente. Em média, o procedimento dura entre 1 e 2 horas.
Em média o paciente permanece internado por 2 dias e retorna as suas atividades habituais em 7 dias.
Um procedimento usual é composto por:
- Anestesia do paciente
- A equipe médica responsável prepara o local de acesso para a prótese
- O paciente é monitorizado com ecocardiograma transesofágico e um aparelho de raio-x (fluoroscopia)
- São realizadas novas medidas do defeito para confirmar os exames
- A prótese é prepara e inserida por um pequeno tubo (cateter) e colocada em posição dentro do coração
- A prótese é liberada e sua posição confirmada pelo ecocardiograma
- Imediatamente é verificado o funcionamento da prótese
- O sistema é removido e o local de acesso do cateter ocluído
Após o procedimento
Após o implante os pacientes são encaminhados para recuperação anestésica. Lá os principais sinais vitais são monitorizados (batimentos cardíacos, oxigenação, pressão arterial). Normalmente os pacientes permanecem sob observação por 24 horas após o procedimento.
Os materiais usados para oclusão tem uma longa história de segurança e tem sido largamente utilizados no coração. Não é esperada nenhuma reação de rejeição. Dentro de alguns dias o próprio tecido do organismo começa a crescer sobre a prótese. Em 3 a 6 meses a prótese estará completamente coberta e fará parte do coração do paciente.
O paciente não será capaz de perceber que existe a prótese dentro de seu corpo. A prótese não é afetada por aparelhos de RX de aeroportos ou por dispositivos de uso doméstico (forno de micro-ondas, celulares etc).
É permitido caminhar logo após 8 horas. E em média após 2 dias os pacientes retornam para casa.
A equipe multiprofissional acompanha o paciente após a sua alta em diversas consultas que incluem toda a orientação de retomada de suas atividades como programas especialmente elaborados para reabilitação.
Riscos
Apesar da técnica, em pacientes corretamente selecionados, apresentar menor risco que a cirurgia convencional este ainda é um procedimento cirúrgico realizado no coração. O paciente deve discutir extensivamente com a equipe especialista sobre seus riscos que variam conforme sua condição de saúde.
Somente uma avaliação multiprofissional pode determinar adequadamente a quais riscos cada caso está exposto e quais medidas serão tomadas com o objetivo de reduzir ao máximo os mesmos.
Nem todos os defeitos podem ser ocluídos com esta técnica, e alguns cuidados devem ser tomados incluindo:
- Defeitos muito grandes podem não ser adequados a oclusão por cateterismo
- Pacientes com acesso venoso (veia femoral) muito finas podem não ser adequados
- A presença de coágulos dentro do coração pode contra indicar o procedimento antes de seu tratamento adequado
- A presença de outros defeitos cardíacos associados pode não recomendar o procedimento
- Pacientes com alterações graves da coagulação podem ter seu procedimento contra indicado
- Presença de infecções ativas podem demandar adiar o procedimento
Cuidados pós operatórios
O tratamento não acaba com o implante do dispositivo de oclusão. Após o procedimento é fundamental que o paciente seja reavaliado periodicamente pela equipe de especialistas. As reavaliações buscam orientar o paciente sobre diversos aspectos incluindo:
- Eventuais restrições de atividade física
- Programa de reabilitação cardiovascular
- Retomada das atividades habituais
- Orientações alimentares
Além disso, são realizados exames de avaliação da função da oclusão, incluindo o ecocardiograma.
O paciente e seus outros médicos também recebem um relatório detalhado sobre o procedimento com orientações e cuidados necessários após o implante no coração. O dentista também precisa ser informado desta nova condição.
É muito importante que o paciente mantenha guarda cuidadosa de seu relatório para ser apresentado a outros profissionais de saúde que eventualmente necessitam atendê-lo em outras ocasiões.
Benefícios do procedimento
O procedimento menos invasivo tem demonstrado benefícios em uma série de estudos:
- Alívio de sintomas Os pacientes operados com está técnica demonstram em curto período de tempo uma melhora significativa dos sintomas de dispneia (falta de ar)
- Diminuição dos riscos de embolização
- Melhora da função do coração